Corte de verbas na UFCG pode impedir construção de usina para curso de Engenharia de Alimentos em Pombal
O Comando de Greve da UFCG realizou um levantamento das informações até agora divulgada pela Reitoria sobre os cortes, mesmo que muitas sejam parciais, e montou um cenário da crise gerada pelos cortes já aplicados pelo Governo Federal na UFCG.
O reitor Edilson Amorim informou que o corte atinge 10% dos cerca de R$ 60 milhões em custeio e 50% dos cerca de R$ 40 milhões de investimento, totalizando o valor aproximado de R$26 milhões.
Segundo o reitor, caso não haja a reversão dos cortes e suplementação orçamentária, não será possível pagar as contas de outubro, novembro e dezembro.
Além dos cortes, há atraso nos repasses. Segundo o Reitor Edilson Amorim, na gestão anterior, havia dois repasses por semana, sem atrasos, "hoje há um repasse por mês e temos que disputar na tapa os recursos do MEC".
Há uma dívida de R$ 1,6 milhão com a Imprensa oficial, atrasos no repasse a empresas terceirizadas, às empreiteiras, no pagamento de fornecedores de combustível, das contas de água, luz e telefone.
CORTES ATINGEM VIGILÂNCIA, ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E PÓS-GRADUAÇÃO.
As verbas de custeio referem-se às despesas rotineiras da universidade, com água, luz, telefone, combustível, diárias, passagens, pagamento de terceirizados, bolsas e assistência/permanência estudantil.
Com os cortes, a administração está contingenciando a ampliação de postos de serviço terceirizados, mantendo a defasagem que leva à sobrecarga dos atuais trabalhadores e desvio de função.
Há postos de vigilância recém inaugurados inutilizados por falta de pessoal.
Apesar de a reitoria repetir que garantirá 100% da assistência estudantil existente, assume que não corrigirá as insuficiências. Havia um planejamento de equiparar em 2015 o valor de todas as bolsas, o que não será cumprindo, prejudicando os estudantes que continuarão a ter de se virar com valores reconhecidamente insuficientes. “A bolsa de manutenção está muito defasada, é de R$250, se tivéssemos custeio iríamos equiparar até chegar ao valor do PIBIC (R$400)”, disse o Reitor.
Em relação aos programas como PARFOR e PIBID, o crescimento da demanda não foi acompanhado pela ampliação de bolsas de 2014 para 2015. Com o corte de 75% dos recursos do PROAP, a reitoria está retirando verbas de custeio para garantir a realização de bancas e participação em eventos. Já foram executados 65% do recurso do PROAP, enquanto apenas 25% dos recursos foram liberados, sem nenhuma garantia ou previsão de pagamento dos 75% restantes.
UFCG NECESSITA DE 72 OBRAS, MAS NÃO HÁ VERBAS
O corte em investimentos afeta o andamento das obras. Hoje há 25 obras em execução, três estão sob embargo judicial (prédio de petróleo, de física e centro de extensão 2).
Segundo o Reitor, há demanda para 72 novas obras que não poderão ser iniciadas, como o acesso ao biotério e uma nova residência estudantil no campus de Cajazeiras.
Em Pombal, a Usina necessária ao curso de Engenharia de Alimentos não será construída. O reitor não informou detalhadamente quais são aos outras 69 obras que não serão iniciadas.
Falta também mobiliário, há três ambientes recém-inaugurados em Cajazeiras sem móveis e o Reitor informa que não cumprirá o que foi prometido, no início do ano, aos estudantes quanto ao Serviço-escola de Psicologia.
REUNI DEIXOU CARÊNCIA DE 170 PROFESSORES
Segundo o reitor, as vagas para docentes e técnico-administrativos são renovadas em fluxo contínuo. As vagas flutuantes de docentes pertencem ao centro, mas raramente se deslocam de uma unidade para outra, pois, segundo o próprio Reitor, “todo mundo já está no limite”.
No último período houve a abertura excepcional de oito vagas novas a mais para um dos cursos de engenharia no campus de Pombal.
Em 2014, a partir de levantamento em 2012 e 2013 para suprir o déficit de professores deixado pelo Reuni, a UFCG solicitou ao MEC a ampliação de 170 novas vagas para docentes, o que depende de autorização do MEC e decreto por parte do governo federal.
Hoje há cerca de 20% de professores substitutos e há 10 vagas para professor visitante. Não temos informação sobre quanto professores voluntários existem, lembrando que a resolução 01/2013 da Câmara Superior de Gestão Administrativo-financeira estabeleceu a figura do professor voluntário que, em vez de salário recebe uma “honraria acadêmica”. Em junho do mesmo ano, ante a falta de docentes, foi aberto edital com 24 vagas para o curso de Enfermagem no CCBS em Campina Grande.
A ADUC denunciou que no campus de Cajazeiras, há vagas de técnicos que não foram extintas, mas que estão sendo ocupadas por terceirizados, o que vem acompanhado pelo desvio de função destes trabalhadores.
LIBERDADE PB
Com assessoria do Comando Local de Greve da ADUFCG